A VAIDADE CEGA O MUNDO DOS HOMENS


A Vaidade Cega o Mundo dos Homens.

"Tempos difíceis geram indagações complexas... somos herdeiros de nós mesmos, no inventário dos atos e fatos pelos quais nos responsabilizamos nas trilhas da própria vida... nos diversos climas vibratórios da Terra" EmmanuelInegavelmente, o homem moderno vive cercado de ilusões por todos os lados. Não nos referimos aqui da ilusão como erro de percepção entre o falso ou o verdadeiro. Falamos, especificamente, da ilusão resultado da ganância e do poder que escraviza e individualiza o homem, cerrando as possibilidades de aperfeiçoamento e aprendizado pessoais, indispensáveis à nossa evolução espiritual e entendimento de nossos semelhantes. Vivemos hoje num mundo cercado pelo imediatismo e a pontualidade do tempo onde o homem ignora, quase sempre, aquilo que o circunda, ou seja, num mundo em que os valores morais são colocados em segundo plano pela necessidade exacerbada de conquista e sucesso do próprio eu, o homem parece perder a noção de solidariedade e se esquece da máxima que Jesus nos ensinou sobre o "amai-vos uns aos outros".O tempo atual apresenta, ainda, algumas armadilhas que o homem, cerrado em si mesmo, não consegue desvendar nesse mundo das ilusões da qual nos referimos. Falamos aqui das diversificadas culturas, em nosso meio, que incentivam o homem, desde cedo, a preocupar-se exclusiva e exageradamente consigo mesmo como, por exemplo, a cultura do próprio corpo nas academias de ginásticas e musculações, a cultura da estética com as lipoaspirações, cirurgias plásticas, etc., pois, parece que a moda hoje é ter um corpo esbelto, perfeito, elegante e desejado. Contudo, não devemos confundir o cuidar de si (como prática de preservação da sobrevivência) e exercícios saudáveis para o bem-estar (uma caminhada, por exemplo) com os excessos de zelo e vaidades pessoais. Entretanto, o homem atual parece desconhecer essa diferenciação fundamental entre o cuidar de si e a vaidade excessiva, pois, os exercícios físicos que eram para ser salutares (tal como o ditado "mente sã em corpo são"), passam a ser uma atividade prejudicial a si mesmo, já que ele parece não se preocupar muito com a própria saúde, mas simplesmente com a estética e a aparência de si. Na Grécia antiga, só para citarmos um exemplo, o corpo atlético e as atividades físicas tinham por objetivos fundamentais, não a vaidade pessoal, mas a preparação do indivíduo para as disputas bélicas e a proteção das suas cidades, ou seja, os gregos dessa época não se preocupavam com a estética de si e forjavam ou "malhavam" o corpo com finalidades de preservação de seu próprio povo.Atualmente, porém, muito se deturpa o sentido de corpo saudável que nem sempre é sinônimo de corpo bonito. Hoje vemos academias superlotadas, homens e mulheres cada vez mais preocupados com as aparências e com o que os outros irão falar ou pensar a seus respeitos, se estão ou não na moda, se possuem o carro do ano, procurando, ainda, corrigir ou desfazer dos pequenos "defeitos" estéticos do corpo físico, esticando uma pele aqui, eliminando uma gordurinha ali, tudo em nome da corpolatria (adoração do corpo) visando o reconhecimento, a excelência e a admiração dos outros. No entanto, é curioso e paradoxal, ao mesmo tempo, que os outros, nesse caso, só servem para a exibição das ilusórias ostentações desse homem fechado em si mesmo que precisa, irremediavelmente, da afirmação espetacular de seu semelhante para a realização de suas fantasias, pois, para ele não importa o que outros têm ou precisam, importa é o que ele tem para diferenciar-se dos demais. Dito de outra forma, a pessoa extremamente vaidosa precisa dos outros apenas para exibir suas "qualidades" estéticas e aquisições materiais e ser admirada por isso, não se importando se o seu semelhante apresenta algum tipo de problema ou dificuldade, se carece de alguma ajuda ou assistência, atenção, cuidado, etc. Como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade: "eu sou eu e as minhas circunstâncias".É necessário, contudo, não confundirmos as aquisições e os bens que por ventura possuímos, resultados de nosso esforço e merecimento que a Providência Divina se encarregou de nos oferecer ou nos provar nas labutas diárias, com aquelas aquisições oriundas da sede e da luta insaciável pelo poder que leva o homem, na maioria das vezes, a ignorar as Leis e os fundamentos de sua responsabilidade ética e moral. Entregue a esta disputa arrebatadora pelas aquisições efêmeras, o homem, pelo livre arbítrio, vai "atropelando" seu semelhante e se tornando um indivíduo capaz de atos desleais e até mesmo inferiores com o próximo para conquistar fortuna e gozos materiais que podem lhes ser muito prejudiciais na vida após o sepulcro. Como diria o filósofo Thomas Hobbes: "o homem é o lobo do próprio homem".Portanto, vivemos numa época mediada por imagens em que as aparências valem mais que qualquer qualidade moral, onde o ter precede o ser, onde o dar vem depois do receber, tudo em nome da individualidade por excelência que conjuga e elege, primeiramente, o eu ao invés de nós outros. Nesse sentido, o homem passa a valer pelo que possui e não por quem realmente é, sendo reconhecido, às vezes, mais pelo sobrenome familiar que por sua conduta ética-cristã. O que parece importar hoje são as conquistas materiais e as importâncias financeiras visando à ascensão e consolidação do status social. Hoje é mais interessante, para muitas pessoas, aparecer nas colunas sociais que praticar um ato anônimo de caridade ou filantropia. É por isso que dizemos que a vaidade cega o mundo dos homens e tênue vai se tornando o caminho do aperfeiçoamento espiritual, pois, a vida, assim vivida, se limita ao labirinto das próprias ilusões e escurece as possibilidades da sublimação fundamental. Enfim, as necessidades de concretizações materiais do homem parecem neutralizar as possibilidades do conhecimento de si rumo a conquista da paz e da felicidade a que aspiramos na amplidão do universo. Nesse contexto, valem algumas indagações: como ficam as relações e os valores familiares? Como pensar em edificar um lar e promover a educação dos filhos pautada nos ensinamentos do Cristo se a própria família se torna presa incoercível do materialismo implacável e individualizante? Como nos libertar do egoísmo aprisionante e das vaidades ilusórias para resgatar os valores da moral cristã?Evidentemente, a resposta para tais indagações requer, no mínimo, uma reformulação de foro íntimo e uma reflexão pormenorizada sobre a existência e as experiências vivenciadas e praticadas no dia-a-dia rumo ao progresso espiritual. Sendo assim, cabem a nós outros pararmos e pensarmos para onde vamos se agirmos com tamanha arrogância, egoísmo, menosprezo, ignorância e indiferença com os nossos semelhantes, pois, é certo que a vida terrena, de provas e expiações, é apenas uma escola em que nos matriculamos para depurarmos e aprendermos a evoluir espiritualmente rumo a um "mundo maior", invisíveis aos olhos dessa provisória existência, porque como nos ensina o Mestre Jesus: a cada um será dado de acordo com as suas obras. Contudo, o bom aprendizado na escola da vida requer esforço, disciplina, estudo e um auto-exame de nossa consciência a respeito do que somos e do que podemos fazer por merecer e melhorar.Segundo nos alerta André Luiz em seu livro Libertação, psicografado pelo médium Chico Xavier, "qualidades morais e virtudes excelsas não são meras fórmulas verbalistas. São forças vivas. Sem a posse delas é impraticável a ascensão do espírito humano. Personalidades vulgares apegam-se à salvaguarda de recursos exteriores e neles centralizam os sentimentos mais nobres, prendendo-se a fantasias inúteis... O choque da morte imprime-lhes tremendos conflitos à organização perispirítica... e após perderem abençoados anos no campo didático da esfera carnal, enredadas em conflitos deploráveis, erram aflitas, exânimes e revoltadas, ajustando-se ao primeiro grupo de entidades viciosas que lhes garantam continuidade de aventura em fictícios prazeres".Portanto, caros irmãos e irmãs, a vida terrena não se resume a pequenos caprichos pessoais, ela é muito mais ampla que meras fantasias de cunho material e "sem a bênção da confiança e da simpatia entre os homens, ninguém pavimenta para si mesmo a senda abençoada do amor... não indisponhas os semelhantes contra ti próprio, de vez que a subida para o Alto é feita em degraus de bondade e entendimento... porque somente compreendendo e amparando aos que nos rodeiam, é que conquistaremos da Providência Divina o auxílio indispensável e positivo em favor de nós mesmos" (Emmanuel).Que Jesus esteja conosco!

Eurípedes Nascimento

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