Instantes
Se eu pudesse viver minha vida novamente. A próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito: relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido e, de saída levaria mais a sério pouquíssimas coisas. Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, faria mais viagens, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria em rios, iria a lugares onde nunca estive antes, comeria mais doces e menos verduras, teria mais problemas reais, e menos problemas imaginários...
Eu fui uma dessas pessoas que viveu Sensata e prolificamente cada minuto de minha vida e, é claro, em meio disso, tive certos momentos de alegria.
Mas, se eu pudesse voltar atrás, trataria de ter somente bons momentos. Pois, se não sabes, é disso que a vida é feita momentos......
E não perca pôr favor, nunca o aqui e o agora. Eu era um desses que não iam a nenhuma parte, sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuvas e um pára-quedas. Se eu pudesse voltar a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria pôr andar descalço desde o início da primavera e seguiria assim até terminar o outono.
Daria mais voltas pelas pequenas ruas, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se eu tivesse outra vez a vida pela frente. mas perceba... tenho oitenta e cinco anos...
e sei que estou morrendo.
(Doze dias antes de morrer, o escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1988) escreveu este texto-testamento).
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